edermachado maio 1, 2013 2
Quase
todos os dias, recebo questionamentos e dúvidas sobre valorização e precificação
do artesanato.
Frases
como: “O cliente acha caro meu artesanato…” ou “Como faço para valorizar meu trabalho? ” e a
clássica “Gostaria de viver somente do artesanato, mas não consigo, pois
ganho muito pouco”, são comuns em minha caixa de email, em comentários
na página de fãs, grupos de artesanato e no meu curso Facebook para Artesãos.
Quando penso que cada trabalho de artesanato é uma peça única, onde o
profissional artesão imprime suas característica, produz emoções, expressa
sentimentos e materializa idéias de forma individualizada, questiono: “Alguma coisa está errada, deveria ser ao contrário, cada peça de
artesanato tem um valor inestimável, pois ela é exclusiva…” Qual o
porquê, então, do artesanato não ser valorizado? Basicamente, percebo que
existe uma espécie de preconceito que, muita das vezes, começa no próprio
artesão…é comum ouvir profissionais referindo-se ao seu produto como minhas
“pecinhas” ou meus “trabalhinhos”. Ora, se o próprio criador desvaloriza
a peça, chamando de “trabalhinho”, imagine o consumidor…
Qualidade
do trabalho e Capacitação do Artesão
Outro,
ponto fundamental, na valorização do artesanato, é a qualidade do trabalho e a
capacitação do profissional. Veja, o comentário da Cris
Santos, aluna do meu curso:
Também,
achei que a questão da valorização do artesanato é algo que tem uma certa
“urgência” em ser abordado pois não só ontem, mas já vi vários comentários dos
alunos a respeito disso. Ontem na palestra vc deu várias pinceladas sobre o
tema e eu percebi que isso é um universo bastante amplo ou seja, um assunto que
vai dar “muito pano pra manga”. Particularmente eu tenho a seguinte opinião
sobre a questão do que fazemos ser valorizado ou não: Qualidade. Eu vejo muito
no meio do biscuit pessoas que não se qualificam para fazer as coisas. Outro
dia vi uma artesã falando que tinha vários anos nessa área e que estava
chateada pois, as pessoas não valorizavam os noivinhos que ela fazia, quando vi
a peça dela entendi o pq. Acho que em qualquer área nós devemos fazer cursos,
buscar informações, querer aprender para aperfeiçoar o que já sabemos, mas
acredito que muitas pessoas tem um ego tão inflado que acham que já sabem tudo.
Daí chega um cliente mais exigente e realmente não vai valorizar isso. Essa
semana mesmo, recebi um e-mail de uma cliente que fechou uma encomenda comigo,
dizendo que optou pelo meu trabalho pois eu era mais detalhista nas minhas
peças apesar da outra ter dado um prazo mais rápido. Então, essa é a questão. O
seu produto tem diferencial? Tem qualidade? Então as pessoas vão pagar. Eu
busco sempre fazer cursos com professores que vem de fora, cursos on line,
pesquisar novas técnicas, comprar DVD, repaginar as peças que eu já faço…então
isso é uma questão a se pensar. A maioria dos meus clientes que fecham
encomendas comigo não ficam chorando, nem questionando valor.
Eu,
concordo com a Cris Santos…Sem capacitação, sem profissionalismo, não existe
valorização. Talvez, você diga: “Eder e quem está começando, que não pode
comprar DVD´s ou cursos?” Eu acredito que a internet democratiza o acesso a
informação, levando o conhecimento a todas as pessoas. Se não pode investir
em curso pagos, comece pelo conteúdo gratuito disponibilizado na
internet…para isso, você só precisa de VONTADE!!! e quando for possível,
faça investimentos financeiros em sua capacitação, mas, nunca… eu disse
“NUNCA”, deixe de se atualizar e de se capacitar.
Preço
x Valor
Gostaria,
ainda, que você refletisse sobre a diferença entre Preço X Valor
Primeiramente,
é preciso conhecer essa diferença:
- Preço: é o que a pessoa entrega(pagamento)
- Valor: é o que a pessoa recebe(percepção)
Quando,
o preço é maior que o valor o sentimento gerado será “Tá caro”, quando o
valor é maior que o preço o sentimento será “Tá barato”. Veja um exemplo, bem
simples, para entender esse conceito: Uma tarde no cabelereiro… O que a pessoa
entrega(preço): R$ 150,00 O que a pessoa recebe(valor): Auto estima, beleza,
elogio de amigos, etc Percebe? nesse exemplo, o valor(o que a pessoa
recebeu) é maior que o preço(o que a pessoa entregou)… Por isso, “não choram”
para entregar os R$ 150,00 ou mais, por algumas horinhas no salão e “choram“
para pagar R$ 80,00 na peça artesanal que levou 3 dias para ser criada.
Para
você saber qual o valor o cliente está percebendo em seu trabalho artesanal, é
necessário conhecer suas necessidade ou
seusdesejos. Vamos a outro exemplo:
Imagine,
um profissional que trabalhe com encadernações artísticas e uma das peças
de seu portifólio seja “Agendas”.
De
um outro lado, temos o consumidor que está procurando uma agenda… Se, esse
consumidor, quer um “caderno para fazer anotações”(essa é a sua necessidade),
vai achar caro o preço de R$ 80,00(o que ele entrega) pois, o seu valor
percebido para uma agenda é “apenas um local para anotar coisa”(o que ele
recebe)…não adianta tentar vender a agenda artesanal para ele…ele vai comprar aquela
agenda da papelaria/livraria por R$ 20,00. Agora, se esse consumidor quer
mostrar para amigos o seu gosto requintado nas suas coisas pessoais(esse é o
valor) ou ter um local onde irá registrar momentos especiais e únicos(valor),
achará razoável e até mesmo barato o preço de R$ 80,00, pois a agenda da
papelaria não irá suprir esse seu desejo. Essa é a chave…
Entenda
a necessidade/desejo de seu público e você terá clientes satisfeitos e que
valorizam seu trabalho.
Todo
o artesão deve compreender que a valorização começa em cada profissional, em
cada atitude e forma de encarar o trabalho. Também, é fundamental buscar a
capacitação e a qualificação constante e, finalmente, saber que toda a vez que ouvir “tá caro”, não deve baixar o preço
e sim, aumentar o valor percebido de sua peça.
Fonte
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